quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

O dia do amor

Comemorou-se o dia de S.Valentim no sábado. As montras inundaram-se de corações e I love yous , que a língua inglesa fica sempre bem, como canta a Manuela Azevedo. As floristas agradecem, as perfumarias também e cumprem-se os rituais.
E o amor cumpre-se? Se calhar, aqueles elementos dos casais que se agridem de que falei na última crónica, até foram dos que esgotaram restaurantes e flores, num breve intervalo feliz dum filme trágico.
Nunca gostei de comemorar nada por obrigação, cada vez vivo pior com estes sentimentos marcados pelo calendário. No entanto, chegada aos tais dias, não evito uma certa nostalgia, um lembrar longínquo de comemorações felizes de quando ainda achava graça a estas coisas, não deixo de sentir uma vaga falta de achar mesmo graça e cumprir os rituais com a felicidade de outrora.
Neste dia dos namorados jantei em casa dum casal amigo, voltei para casa, instalei-me na varanda, observei a noite. Soltei a imaginação… Imaginei alguém, algures num centro comercial, a passear a esmo, olhos nas montras, nos transeuntes, mente no balanço de anos de dias de namorados em solidão, mente numa noite de amor diferente, num mergulho nuns olhos em que apetece afogar-se, o repouso num colo, dedos que se entrelaçam. E as pessoas que passam, e a vida também e apetece-lhe fazê-la parar e dizer, eu também vou, a mente a caminhar para longe e o medo de partir a puxá-lo.
Senti frio, recolhi a casa, sentei-me aqui. Escrevi esta crónica e outras coisas e depois de muitos balanços pensei que há quem precise de dias marcados para amar, para se lembrar de mimar os outros e também para se lembrar que falta alguma coisa, não para o dia dos namorados, que é só um, mas para o resto dos dias do ano.


Crónica publicada no Região de Leiria de 20/02/09

2 comentários:

Anónimo disse...

Acho que o dia de S. Valentim não foi no Sábado! Não terá sido 2ª feira?!.... ;-)

Maresia disse...

Não sei... Esse santo não quer nada comigo!