segunda-feira, 30 de julho de 2012
Regresso
subir sempre
é longe o azul
no fim dele
quem sabe o céu
tantas janelas
tantos olhares
tantas portas
eu quero subir
ficar mais perto
talvez
no fim do caminho incerto
não haja cortinas
nem portas fechadas
apenas o azul
onde mergulho
e sou inteira.
domingo, 29 de julho de 2012
viagem
águas dolentes
olhar inquieto
aguarda feição
teme a corrente
viagem renovada
ser mulher
e fonte
e nascente
que certezas
não as há
para quem quer viver.
domingo, 29 de abril de 2012
morte
roça o seu gelo
na minha alma rasa
já não há oásis
nem abrigos de dor
à sua mercê
curvo-me
sorvo sôfrega
a chuva
o vento
a primavera
apressada
e espero.
na minha alma rasa
já não há oásis
nem abrigos de dor
à sua mercê
curvo-me
sorvo sôfrega
a chuva
o vento
a primavera
apressada
e espero.
domingo, 15 de abril de 2012
Quero
é uma incerteza
é um reflexo
é um nenúfar suspenso
na água do meu olhar
não sei
não quero saber
não quero tudo
quero o agora
onde a palavra
me embala
quero a pele
onde a tua saliva
se evapora.
é um reflexo
é um nenúfar suspenso
na água do meu olhar
não sei
não quero saber
não quero tudo
quero o agora
onde a palavra
me embala
quero a pele
onde a tua saliva
se evapora.
quinta-feira, 12 de abril de 2012
doença
o corpo que nos encerra
o corpo
essa matéria vã
dos prazeres passageiros
a alma onde o ser se manifesta
ajoelha perante a matéria
É ele que nos aterra
e afunda
nesse buraco
de onde
nem um raio de alma
penetra.
o corpo
essa matéria vã
dos prazeres passageiros
a alma onde o ser se manifesta
ajoelha perante a matéria
É ele que nos aterra
e afunda
nesse buraco
de onde
nem um raio de alma
penetra.
quarta-feira, 11 de abril de 2012
colo
as palavras que plantei
há tantas sementeiras
estão agora louras
eu não sabia
o nevoeiro
que tudo tolda
foi morte passageira
é hora da colheita
depositá-las-ei
rubras
no cetim
desse colo
onde sempre me embalo.
há tantas sementeiras
estão agora louras
eu não sabia
o nevoeiro
que tudo tolda
foi morte passageira
é hora da colheita
depositá-las-ei
rubras
no cetim
desse colo
onde sempre me embalo.
sexta-feira, 30 de março de 2012
alma
é um mar
é uma maré
é esta água revolta e fria
é pensar
é profundidade e abismo
é este ir e vir
torrente e corrente
alma inquieta
exigente
neste vai e vem
de sonhos perdidos
espera o batel
dos esquecidos...
no leme o sonho
dos que nunca se dão por vencidos.
quarta-feira, 28 de março de 2012
Cores
quero todas as cores
quero pintar as sílabas de risos
e sonhos
na boca de palavras
exilo as dores
pincelo-as
de carmim
e está a azul o céu
da paz que escolhi.
Estou em mim.
segunda-feira, 26 de março de 2012
Na tarde de primavera e no calor temporão, na conversa aprazível da esplanada, observo. Magotes de gente que passa. Novas, velhas, com hábito, sem hábito, línguas diversas. Gestos particulares que marcam os olhos de quem vê.
Não sei de onde surge um casal, aparentemente banal. Não o seremos todos aparentemente? Meia idade... E o que é isto, cerca de 50 anos, com um aspeto em tudo banal... Nenhuma Angelina Jolie, nenhum Clooney. Nos pormenores marcam a diferença: a mão que se estende para ajudar a descer esse degrau que veem aqui em cima, os dedos entrelaçados, os corpos próximos e os olhares cúmplices.
Felizes, adolescentes de um amor sem tempo.
sexta-feira, 2 de março de 2012
prece
este sol fora de tempo
que arranha a alma renego
os cinzas, os negros, as águas
bem-vindos
nestes tempos
em que quem deu vida
a procura
no escuro do inverno
e da chuva
a minha vela
e a minha prece
terão mais luz
e talvez Deus veja.
que arranha a alma renego
os cinzas, os negros, as águas
bem-vindos
nestes tempos
em que quem deu vida
a procura
no escuro do inverno
e da chuva
a minha vela
e a minha prece
terão mais luz
e talvez Deus veja.
segunda-feira, 23 de janeiro de 2012
estéril
do dia de demasia
desprende-se
apenas
um farfalhar de papéis,
vozes apreendidas
carros que atravessam as ruas
deveres cumpridos
histórias partilhadas
momentos covividos
e um cheiro a fim de mundo
um sentimento sépia
que tudo impregna
normaliza
e esteriliza.
autómato.
cumpro.
nada de almas nuas
nem fantasias
nem melancolias
nem de latas a bater
nada de poder parecer
que algo
é mais que o ser.
só a névoa matinal
húmida e opaca
desafinou a pintura
e introduziu na alma
uma ligeira nervura.
I.P.
desprende-se
apenas
um farfalhar de papéis,
vozes apreendidas
carros que atravessam as ruas
deveres cumpridos
histórias partilhadas
momentos covividos
e um cheiro a fim de mundo
um sentimento sépia
que tudo impregna
normaliza
e esteriliza.
autómato.
cumpro.
nada de almas nuas
nem fantasias
nem melancolias
nem de latas a bater
nada de poder parecer
que algo
é mais que o ser.
só a névoa matinal
húmida e opaca
desafinou a pintura
e introduziu na alma
uma ligeira nervura.
I.P.
sábado, 14 de janeiro de 2012
nada
alindei-me
perfumei-me
saí
agrado-me
os outros?
olhares que escondem
o que não quero descobrir
sempre a mesma descoberta
esta vida incerta
esta promessa
que nunca é.
perfumei-me
saí
agrado-me
os outros?
olhares que escondem
o que não quero descobrir
sempre a mesma descoberta
esta vida incerta
esta promessa
que nunca é.
Subscrever:
Mensagens (Atom)