terça-feira, 30 de setembro de 2008

Quadras quotidianas

Mais um dia...
A luz a incidir no mundo lá fora
Parece tudo tão igual
E sinto-o tão diferente agora

A ilusão da vida simples
O apego ao que é "normal"
Nos meus olhos o filtro
com que observo o real

vou juntar-me à multidão
que labora sem cessar
No corre-corre do pão
Sem tempo para pensar

só nos meus olhos da alma
poderás ver a tristeza
Aí sou toda inteira
não finjo, nem que queira

aí todos os meus fracassos
todos os meus contentamentos
os meus sorrisos
os meus lamentos

Saio de cabeça levantada
Mergulho na vida que passa...

domingo, 28 de setembro de 2008

Redemoinho

Nas árvores hoje ouve-se o mar...
Foi a tempestade que o trouxe...

Vês? As marés são imprevisíveis
Hoje ouço o mar no meu castelo
Tenho conchas no cabelo
e relâmpagos no olhar

Deixo-me ir na maré alta
o leme não me faz falta
sou mais um ser na correnteza...

Ao sabor do que não sei
A mando de qualquer rei...

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Aconchego

Embrulho-me em ti noite
Aqueço-me nas minhas palavras

Invade-me este frio
que não consigo evitar

Restam apenas estas sílabas
com que sonho poesia
amornam-me este meu ser
até chegar o dia...

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Alforria

Não gosto de imposições
Nem de teorias
Nem de bajulações

Não gosto de prisões
Nem de gaiolas
Nem de grandes salões
Nem de grandes figurões

Não gosto de filosofias
Nem de certezas
Nem de realezas
Não tenho fobias

Gosto de rir com gosto
Do sol no rosto
da praia marinha quando
é Agosto

Da lua na rua
Do quente do lar
de te sentir meu par
quando a palavra é nua

Gosto dos meus botões
quando rimam com as minhas solidões

E gosto do meu quintal
coisa só minha
feudo meu ser
onde sou rainha...

Deambulação

Aí pelo ar fesco de Outono
Aí pela rua
Aí no meio das luzes dos carros
Aí no no barulho da noite

Por aí ...
Vagueia a minha alma
Nua
Deambula a esmo

Nos seus olhos nenhuma procura
Nada espera, nada quer, nada sente
Apenas a tranquilidade a tortura
De tudo triste, de tudo contente

Ela passa assim
qual folha levada pelo ar
sem rota definida...

Deixem-na passar!
Está cansada e leva-me a mim.

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Urdidura

Olha-me o meu castelo
na manhã serena e leve

O meu pensamento novelo
alonga-se e parece breve

quase Outono
quase Verão

quase morno
quase encandescente

Teço emoções e sílabas
Com os teus fios
Meu coração.

domingo, 14 de setembro de 2008

Tempestade

Cheirei-te na noite marinha
Senti-te na tempestade
Sem vela, leme derrotado
Náufrago da tua vontade

Amor de flébil querer
Cego do que quer ver
Viaja assim na miragem
Do que não sabe ser

Perdido nas brumas alterosas
Tacteante da felicidade
Espinhos apenas das rosas

Nesses olhos mareados
Na confusão da viagem
Nesses teus braços cansados...

sábado, 13 de setembro de 2008

Noite na alma

Na calada da noite
No frescor da escuridão

a minha alma serena
vaga na imensidão

de estrela em estrela
de brilho em brilho

de planeta em planeta
divaga...

vidas longínquas
palavras antigas
sentires dolentes
restos de cantigas
cantadas em dueto...
tatuadas as letras
no meu peito...

Alma inquieta
viajante do sentir
sossega agora um pouco
Deixa-me dormir...

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Vida - Lista

Vida assim
Dar e tirar
Chorar e rir
Falar e calar
Pensar e agir
Ler e escrever
sentir
estremecer
gerar
aprender
errar
querer
amar
acreditar
morrer

Viver!

Meu filho

Que todos os dias nasçam para ti como o de hoje
Sereno, limpo, soalheiro
Tal como aquele em que nasceste e hoje recordamos

E quando as tempestades assolarem os teus dias
E os ventos te fustigarem
Lembra-te que dentro de mim haverá sempre o teu lugar

À tua espera

Tem sido uma caminhada fabulosa

Obrigada.

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Espera

Nesta manhã baça e húmida
Nesta minha alma quieta

Nesta antecâmara de nós

Ouço o caminhar do teu sentir
Aguardo-te e desato os nós...
Preparo a festa a sorrir
Feliz de juntos e nunca sós.

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Eternidade

Pudesse eu fechar na mão aquele momento
Pudesse eu gravar nos dedos o sabor da tua pele
O meu coração seria a tua gaiola
E no teu bico me depositaria.
O teu bafo seria eu.