segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

estéril

do dia de demasia
desprende-se
apenas

um farfalhar de papéis, 
vozes apreendidas
carros que atravessam as ruas
deveres cumpridos
histórias partilhadas
momentos covividos

e um cheiro a fim de mundo
um sentimento sépia
que tudo impregna
normaliza
e esteriliza.

autómato.
cumpro.

nada de almas nuas
nem fantasias
nem melancolias
nem de latas a bater

nada de poder parecer
que algo
é mais que o ser.

só a névoa matinal
húmida e opaca
desafinou a pintura
e introduziu na alma
uma ligeira nervura.

I.P.

sábado, 14 de janeiro de 2012

nada

alindei-me
perfumei-me
saí


agrado-me

os outros?
olhares que escondem
o que não quero descobrir

sempre a mesma descoberta
esta vida incerta
esta promessa
que nunca é.