domingo, 28 de fevereiro de 2010

Resposta ao Conservador

Os dias que nos escrevem trouxeram-nos aqui
neste cais de barcos embrulhados em palavras
mas que miram o infinito, prenhes de horizonte

apertado o leme
definimos a rota
e nos mapas embutidos no peito
traçamos caminhos com os dedos...

nas borrascas fito o além..
caminhos sempre incertos
juncados de vento e medos.

Ah esta alma de marinheiro
sedenta de espuma e bem!

Volta

venho de longe
venho dos sítios breves
venho dos dias cansados
venho das noites curtas

voltei às palavras partilhadas
às sílabas intercaladas
em pensamento e silêncio.

deixem-me cultivar o tempo
das cerejas rubras
das águas plácidas
das alfazemas perfumadas

aí me derramarei
e nada mais serei
que um leve odor
que paira no ar.