quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Encontro


E agora estamos aqui. Frente a frente. Íntimos e estranhos. Conhecidos os interiores, virgens os olhos que se apresentam, procurando correspondências, no ouvido tantas palavras, tantos sussurros, tanta ânsia.Aclaro a garganta, enceto uma conversa de salão para entreter o nervoso que me ronca cá dentro... Como, digo que está bom, sem saber a que sabe, aqui come-se sempre bem, hoje não seria diferente só porque estás aqui.
De repente sinto-me pequena, esmagada pelas linhas de histórias que leio na tua face, os olhos cansados, quase gasta a chama primordial que os alimenta. E falo, falo para me esquecer do mar lá fora e do frio que deixei de sentir, quando aconchegada no teu calor. E do quanto me apeteceu dizer, despe a roupa de homem grande, vamos brincar à apanhada, encher os pés de areia, rir e contar as estrelas, até o frio dentro e fora passar.
É hora. Vamos. Cantamos, espantamos os nervos. Na voz o menino que me desembarca nas palavras e que sinto aprisionado nas velhas histórias.
Íntimos e estranhos. Não sei. Lá fora a escuridão e o tempo que nunca se detém.

2 comentários:

Anónimo disse...

Evocativo de filmes passados perto do mar (o mar outra vez),como por exemplo, "As palavras que nunca te direi". Gostei da serenidade da mensagem.junior

Maresia disse...

Joco
O mar tem uma força imensa. Ainda bem que gostou e que o texto lhe transmitiu serenidade...