sábado, 8 de outubro de 2011

vazio

manhãs claras
almas turvas

da vida
de não saber dela

apenas esta água
em que me espelho
e onde nunca mergulho.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Agenda

escorre dos dedos o último raio de calor

na alma em fogo
sou-me torpor

enleio de tristeza
que aguarda a noite
onde se banhará
em sombra e maresia.

Para a noite a poesia.

O resto?


Fica para a luz do dia.







sexta-feira, 1 de julho de 2011

Deriva

daqui do alto
tudo tão longe

a alegria
a vida
o corpo
o sentir

só o coração da cidade
bate
pulsa
chama

mover
cumprir
respirar

o ser?
tem que se procurar
perdido
no segundo
de alguma hora...

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Depois

se amanhã
o dia não vir

tenho pena hoje

do que não senti
do que não vi
do que não disse
do que não escrevi


correr pelo hoje
sem respirar
sem parar
para pensar
que o amanhã

talvez
na alva
em que não
esteja
veja lá do alto
sempre o que não consegui
almejar

e aí
talvez eu
toda seja.

domingo, 12 de junho de 2011

ipiranga

aqui estão elas
outra vez
as minhas palavras

livres

quem as quiser presas
acorrente-as

eu não consigo
tenho que as gritar

pouca me importa
o que parece

pouco me importa
que as desfaçam

são só umas tristes sílabas
de quem já tem tão pouco.

Inquietude

no silêncio da noite
velo inquieta

cruzam-me
palavras
sentires
tristezas
vagas lágrimas
fugidias

quero dormir
expulsar o cansaço

não se foge
ao desconcerto
da almas
insatisfeitas.

mas deixem vir
o sono lasso.

pode ser que amanhã...