sexta-feira, 10 de abril de 2009

Lembranças 2


Volto às lembranças... Da Páscoa da infância e de outras coisas que contei esta semana e que prometi a quem me ouviu que iria pôr aqui, num guardar em frases, factos e costumes que cairão no esquecimento, porque vindos dum tempo em que, na falta de fotos, filmes, apenas as memórias em palavras de quem os viveu os pode salvar.

O meu avô era sacristão, como o meu bisavô, o meu trisavô... Ainda hoje o sacristão da igreja da Mendiga é da minha famíia...

Domingo de Páscoa acontecia a visita pascal... O meu avô acompanhava o padre, as pessoas apanhavam heras que misturavam com pétalas de flores e espalhavam do lado de fora da porta, de forma a dar as boas vindas ao padre.

A minha avó fazia o almoço para o padre e o sacristão seu marido comerem, vinham cansados depois de percorrem a aldeia toda a pé... Lembro-me daaquele coelho guisadinho na lareira, no tacho de barro...

Na semana anterior faziam-se os folares, no forno imenso. A nós, garotos, deixavam-nos fazer as correias de massa dos bolos que enfeitavam os ovos enfiados nos folares... A minha avó sempre a controlar as operações, com as quatro filhas por perto e os netos por ali a atrapalharem mais que a ajudarem. Era ela quem dizia quando o forno estava quente, havia um sinal especial, a boca do forno ficava branca... Da porta da casa de forno, via-se a torre da igreja, de onde se controlava a hora de entrada e saída do bolos, tal como do pão...

Depois era pincelar os bolos com ovo, polvilhar com açúcar e comparar com os das vizinhas a ver quais tinham ficado melhor...




1 comentário:

prafrente disse...

Todas as nossas aldeias tinham as suas tradições que hoje se perderam e muitos de nós recordam com saudade.
Gostei da imagem do forno dos folares pascais...que saudades...

recordar é viver...

bjs pascais