quinta-feira, 3 de abril de 2008

Amores, desencantos e afins

Dia de sol, Primavera, estação do ano associada ao desabrochar dos amores, aos enamoramentos, ao despertar dos sentidos.
Olhava para o meu castelo, (que me desculpem todas as pessoas que também têm um castelo, mas o meu é o mais lindo do mundo), vieram-me à memória contos de fadas, histórias de príncipes e princesas, felizes para sempre e com muitos filhos e pensei cá com os meus botões cada vez há menos disto!
Olho à minha volta, penso nas pessoas que conheço e as conclusões não são muito animadoras… Cada vez há mais gente a viver sozinha, tanta! Umas por opção, outras por contingências da vida.
E a quantidade de pessoas que, vivendo acompanhadas vivem sozinhas? A larga percentagem dos casamentos/relacionamentos de coabitação que conheço, nem digo números para não me acusarem de ser pessimista e porque não são fundados em nenhum estudo científico, vivem juntos por comodismo, por hábito, porque enfim, parece mal separarem-se, têm uns affaires fora dos relacionamentos e assim preenchem a necessidade de paixão e encanto.
Uma coisa é certa… Embora muitos não admitam, todos temos necessidade de alguém que nos preencha, que seja cúmplice, que partilhe aquele momento especial, em cujo olhar nos miramos e nos sentimos em casa, mesmo que não haja palavras. Esta partilha, nos dias de hoje, não implica necessariamente coabitação no mesmo espaço, as pessoas, (sobretudo as que já passaram por isso), perceberam que as rotinas, as monotonias são assassinas dos encantos e das paixões assim, independentes financeiramente, preferem ficar cada um no seu canto, partilhando o que de bom as une, não discutindo sobre a tampa da pasta de dentes ou a roupa no chão…
Esta procura da alma gémea, da metade da laranja acontece em todas as idades, classes sociais mas… Ao passo que na juventude se é menos exigente, à medida que se vai ficando mais maduro os requisitos vão sendo mais numerosos e difíceis de preencher… Como concluía uma das personagens de “ A Mulher Certa” de Sandor Marai, a pessoa certa, ideal não existe, no entanto é a busca desse ideal que nos preenche, que nos motiva e que dá sal à vida.

2 comentários:

Narrador disse...

Muito muito bom...

Tema, mais uma vez, para uma profunda reflexão...

Mas...Será que não existe mesmo...? A tal pessoa ideal?

Eu creio que existe!

KISS

LOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOL

prafrente disse...

Ambos estão situados no distrito de Leiria;Gosto do meu e compreendo que goste do seu...são pequenos pontos de referência,funcionando como âncoras,que nos agarram aos locais que amamos.
Vivemos numa sociedade em que os sentimentos entraram no domínio do descartável: usam-se e deitam-se fora!
A nossa ética existencial é conduzida por uma ausência de sólidos valores de referência.Geramos dentro de nós, enormes vazios interiores,que tentamos preencher com outros vazios,num efeito de bola de neve.
Passamos cada vez mais tempo no gabinete do psiquiatra ou no divã do psicanalista.Quando era suposto sermos mais felizes com as novas tecnologias e comportamentos sociais menos normativos...
Não existem almas gémeas,ou caras-metade!!!´Ninguém é metade de quem quer que seja.Cada um é um todo,com uma individualidade única que deve ser respeitada pela outra parte.Amores perfeitos são plantas herbáceas,da família das Violácias;apenas existem nos jardins...
Já amei e fui amado,já amei e fui rejeitado...também eu sinto, no meu corpo e no meu espírito,o renascer da vida em cada primavera.Diz Osho, que o amor não é para cobardes.Não acredito na autenticidade de um amor presencial ditado apenas pela esporadicidade das flutuções
hormonais.São emoções intensas, mas de curto prazo.
O homem não será eternamente um Adónis nem a mulher uma deusa grega...

Você é uma mulher muito especial.Admiro a forma como,expondo a intensidade dos seus temas,expõe a profundidade dos seus sentimentos.
Continue assim...

:-*