Escrevo esta crónica a entrar no fim-de-semana de Carnaval, altura de folias, festas, divertimentos e às vezes excessos.
Eu acho piada ao Carnaval, não ao Carnaval de imitação brasileira, acho ao nosso Entrudo, à sátira social, aos nossos mascarados. Na Mendiga usava-se o termo “encaraçar-se”, nestas alturas os sótãos e arcas das nossas mães ficavam uma confusão. Encaraçávamo-nos rente à noite, em grupo, depois íamos de casa em casa e o divertimento consistia nas tentativas de adivinhação por parte das pessoas que nos abriam a porta. Davam-nos chouriça, ovos e no fim do serão em casa de um de nós, fazíamos uma patuscada.
Há quem não goste nada de Carnaval, como há quem não goste de Natal, há quem diga “mascarado ando eu todo ano”, e o pior é que é mesmo assim! Há gente que anda disfarçada a maior parte dos seus dias, escondendo-se dos outros, mascarando a sua essência, mudando de máscara, consoante as conveniências e os objectivos a atingir. O que vale para quem os rodeia é que quarta-feira de cinzas acaba sempre por chegar, ainda que demore tempo e haja gente magoada pelo caminho. Já todos cruzámos com pessoas assim - Ecoponto com elas!
Para quem se mascara para fugir de si próprio é que não há Ecoponto que valha…
Do que eu me fui lembrar…
Esta crónica é cinza… Quaresma, sobriedade… Lembra-te que és pó…
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