sexta-feira, 8 de maio de 2009

Amigos e Amizade

Hoje apeteceu-me voltar a colocar aqui dois textos sobre amigos e amizade que escrevi em 2007 e que estão no blog muito lá atrás...
Não mudei de ideias...

Amigos
Um amigo é um tesouro, costuma ouvir dizer-se, e com razão.Há quem tenha muitos amigos, há quem tenha poucos. Há quem pense muitas vezes ter encontrado o tal tesouro e, um belo dia, descubra que, por trás do brilho do ouro e das pedras preciosas que refulgiam se encontra apenas pechisbeque, sem qualquer valor.Eu tenho alguns tesouros, não muitos, porque amigos verdadeiros, daqueles que sobrevivem aos solavancos do comboio da vida, daqueles a quem podemos dizer uma graça e uma desgraça, daqueles que nos puxam a s orelhas quando é preciso e que são companheiros nas vitórias e nas derrotas, tenho muito poucos. Encontrar um amigo com estas características é raro, por isso são tesouros e devemos estimá-los. O seu brilho não é só uma capa de verniz superficial, vem de dentro: os maiores tesouros estão dentro de nós.A nossa vida é como qualquer cais de embarque de passageiros: chegam e partem pessoas, mas algumas demoram-se. Gostam do que vêem, nós gostamos de quem chega e construímos a nossa casa comum onde voltamos sempre, ainda que viajemos muito.É preciso mantermos a porta da casa aberta, pode entrar gente que não interessa, mas no meio da multidão há sempre tesouros escondidos que enriquecerão a nossa vida.


Cais...
Já aqui coloquei um texto sobre os amigos, logo no início. Hoje apeteceu-me voltar ao tema, por circunstâncias várias. Na altura falei que a nossa vida é como qualquer cais de embarque de passageiros: chegam e partem pessoas, mas algumas demoram-se. Gostam do que vêem, nós gostamos de quem chega e construímos a nossa casa comum onde voltamos sempre, ainda que viajemos muito.É preciso mantermos a porta da casa aberta, pode entrar gente que não interessa, mas no meio da multidão há sempre tesouros escondidos que enriquecerão a nossa vida.O problema é que nem sempre as partidas são pacíficas... Enquanto que as chegadas são momentos de alegria, de novidade, as partidas são muitas vezes sinónimo de perda, de dor, sobretudo quando sentimos que quem parte não regressará e porque normalmente os motivos da partida nos doem. Faz parte da vida e sabermos arrumar as ausências e o espaço de quem partiu, porque o terá sempre...é sinal de sabedoria e crescimento.Importante é manter a porta aberta... Há tanta gente que nos enriquece, que é única... Todos somos únicos de alguma forma, na nossa diversidade. Por isso gosto de gente em geral... Por isso gosto de sair de casa em cada dia, porque todos os dias me surpreendo. Nem sempre as surpresas são boas, mas as más não lhe dou grande importância... Vão para a reciclagem... As boas dão cor aos meus dias e fazem-me sentir muito bem por respirar.É manhã... Respiras, acordas e eu sinto.

3 comentários:

paulotpires disse...

Não nos podemos nunca fechar para o que realmente importa na vida...
beijinho

Lídia Borges disse...

Identifico-me perfeitamente com as ideias expressas.
Digo tantas vezes: "gosto das pessoas" E gosto!Porque cada pessoa é um universo... Uma possibilidade aprender, de viajar!

L. Borges

luiz alfredo motta fontana disse...

Aprendi com Vinícius que amigos não são feitos, mas reconhecidos.

E assim vivi, reconhecendo um aqui, outro acolá.

Nunca os tive em quantidade, nem os quis assim, sou daqueles que precisam de um tempo, de um rito, de uma razão, de um momento.

Entretanto, por vezes, fui tomado pelo assombro, rodeado de convivas, tão duradores quanto as festas, tão solícitos quanto os valetes de bons restaurantes.

Por vezes me vejo deserto de amizades, desprovido de cumplicidade, deslocado em minha mesa, estrategicamente ao canto, encantadoramente distante, embora ao alcance de um aceno.

Mas ainda assim, os amigos, eu os tenho, alguns em repouso, em algum endereço, que já não mais frequento, mas donos de meu apreço.

Outros, talvez, em compartilhada saudade, e civilizado respeito ao silêncio.

Poucos, insisto, mas meus.

Vários, por seu turno, foram os eventuais convivas, que por alguma razão desfiaram preces de amizade eterna, embora nunca os tenha percebido fraternos.

Esses, por vezes, como surgem, desaparecem, retornam ao palco, a espera de um novo conviva, com um novo sucesso em posar.

Lembram roupas de época, datadas, com nenhuma possibilidade de serem outra vez vestidas, apenas testemunhas de circunstâncias, trechos de um enredo, quando muito, partícipes de um descuidar.

Aprendi com Vínícius.