sábado, 19 de janeiro de 2008

Histórias

Há acontecimentos e factos históricos de que sempre ouvimos falar, cuja importância conhecemos, mas cuja dimensão real nos passa ao lado, porque nunca lhe demos grande atenção, porque nunca reflectimos sobre eles. Muitas vezes porque não calhou, não houve aquele elemento desencadeador de tal interesse…
Aconteceu-me isso há uns anos, por exemplo, com a Batalha de Aljubarrota, ocorrida no meu concelho. Só tive percepção da sua grandiosidade e importância quando ela me foi explicada, de forma apaixonada, por um entusiasta: O Director do Museu Militar de S.Jorge. O segredo de cativar os outros para o que quer que seja é mesmo esse: falar e fazer aquilo que se ama.
Vem isto a propósito do livro que leio agora “Casa Grande e Senzala” de Gilberto Freyre sobre a colonização do Brasil. Sobre este assunto sabia o que é trivial saber-se, não sendo professora de história… Mas aquilo que à partida me parecia um livro um pouco seca, desculpem a expressão, afinal… Fez-me reflectir sobre as nossas origens enquanto povo e no porquê do sucesso da colonização de um país imenso onde cabem não sei quantos Portugais, quando nós não passávamos de meia dúzia de gatos pingados…
Através da curiosidade, do estudo e da reflexão é que aprofundamos o nosso conhecimento sobre o mundo, nós e os outros. Para isso é preciso tempo e vontade e hoje em dia é tudo tão rápido e a malta gosta de coisas já mastigadas, que é como quem diz, que não obriguem a pensar muito e depois há livros com muitas letras e tão miúdas!
Fiquei a saber que o sucesso da nossa colonização assentou na nossa mobilidade, na nossa aclimatibilidade (afinal estamos perto de África), na miscigenação que de imediato se iniciou e iniciou-se porque, de acordo com o sociólogo, não havia no português a rejeição à pele escura… o fascínio da moira encantada, mulher de pele morena, olhos e cabelos escuros ainda pairava…E muito mais.
Já excedi os caracteres e ainda falta a conclusão… A curiosidade é meio caminho andado para o conhecimento. A reflexão faz o resto. E mais não cabe.

1 comentário:

Anónimo disse...

Gosto de a ler e também já li esse livro.
Na verdade os portugueses é um povo vocacionado para conviver muito bem com outras culturas, outras formas de viver. Senão vejamos agora na Bósnia os casamentos que tropas portuguesas têm lá feito, outrora em Àfrica, assim como em Macau.Temos uma alma oceanica sempre pronta a partilhar
conhecimentos e a absorver valores diferentes.
Por isso é em português que se escreve SAUDADE:
Maria