Hoje lá aproveitei a minha tarde livre para ir comprar os presentes de Natal da praxe. Poderia fazer aqui uma dissertação sobre os estafados lugares comuns do consumismo, do que se gasta em prendas e bens supérfluos quando há tantos que nada têm, do que se dá em bens materiais, quando se falta na dádiva de outras coisas essenciais que o dinheiro não compra. Já há pouca pachorra para repetir as mesmas conversas de sempre contra os hábitos da quadra natalícia, até porque muitas vezes as condenações destes hábitos são mais para inglês ver.
Eu cá por mim, nestas coisas, sou algo pragmática… Gosto pouco de comprar presentes em datas marcadas, mas lá tem que ser, só compro presentes para a minha família do coração, ou seja, para os que amo, sejam ou não da família… Gosto de os ver abrir, de ver nos olhos das crianças o prazer ansioso, enquanto se rasga o papel, enfim fico feliz com o seu prazer.
Grave é quando, ausentes dos que amamos nos gestos mais simples e diários, nos queremos tornar presentes através de prendas cujo preço é muitas vezes inversamente proporcional à ternura e aos mimos que não demos.
Grave é quando não conseguimos deixar de olhar para o nosso umbigo e ver mais além, não precisa de ser para África ou qualquer país miserável longínquo, a falta do que é essencial existe à nossa porta, às vezes dentro da nossa casa.
Que se comprem prendas, mas que não se perca a capacidade de estarmos e sermos presentes na vida dos outros… Às vezes basta um sorriso, uma atenção, uma palavra e somos a prenda no sapatinho de alguém.
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