sexta-feira, 25 de setembro de 2009

saudades do frio

cansada dos meus cansaços
dormente no calor tardio
uso estes silêncios lassos

quisera que o vento frio me aconchegasse
já em casa no torpor das lãs e das tristezas
talvez me trouxesse certezas
talvez os meus próprios braços
me transmutassem em levezas

e o desencanto feito aconchego
e o frio feito casa do vento
e eu deitada no meu pensamento
à espera do que não vem

quero só ficar enroscada
na minha casca listrada
de riso, dor e luta.

sábado, 19 de setembro de 2009

Partida


Um pouco arredada aqui dos meus rabiscos. O final do Verão tem sido agitado.

Início do ano lectivo. Muito trabalho, muitos papéis.

Ali no quarto ao lado dorme pela última vez o meu filho mais velho. Pela última vez enquanto menino sob a asa da mãe.

Hoje vou levá-lo à capital. Fez 18 anos, entrou para a faculdade. Um ciclo que se encerra e outro que começa. Há uma mescla de alegria e tristeza. Alegria porque está a seguir o trajecto normal, tristeza porque ali no quarto ao lado já não estará sempre. A sua descoberta do mundo já não precisará do olhar orientador da mãe. Agora verei as suas descobertas pelos seus olhos, pelas suas palavras.

Não consigo evitar esta nostalgia instalada, este agridoce sabor de despedida de qualquer cais que fica apenas dentro de mim e enquanto aceno lembro-o de repente a fazer Es maiscúlos com uma perfeição que nunca consegui.

Volta no próximo semana. E eu cá estarei.