domingo, 29 de abril de 2012

morte

roça o seu gelo
na minha alma rasa

já não há oásis
nem abrigos de dor

à sua mercê
curvo-me

sorvo sôfrega
a chuva
o vento
a primavera
apressada

e espero.

domingo, 15 de abril de 2012

Quero

é uma incerteza
é um reflexo
é um nenúfar suspenso
na água do meu olhar

não sei
não quero saber
não quero tudo

quero o agora
onde a palavra
me embala
quero a pele
onde a tua saliva
se evapora.

quinta-feira, 12 de abril de 2012

doença

o corpo que nos encerra
o corpo
essa matéria vã
dos prazeres passageiros

a alma onde o ser se manifesta
ajoelha perante a matéria

É ele que nos  aterra
e afunda
nesse buraco

de onde
nem um raio de alma
penetra.

quarta-feira, 11 de abril de 2012

colo

as palavras que plantei
há tantas sementeiras
estão agora louras

eu não sabia

o nevoeiro
que tudo tolda
foi morte passageira

é hora da colheita
depositá-las-ei
rubras

no cetim
desse colo
onde sempre me embalo.